Jorge Luís Borges uma vez perguntou por que uma grande parte da literatura inglesa e americana tinha raízes em textos Irlandeses e Judeus. A resposta, ele disse, é que mesmo sendo cidadãos de países de idioma inglês, os Irlandeses e Judeus estão de fora olhando para dentro. O imigrante ama o pais de um jeito que o nativo não consegue, mas ele também tem a capacidade de ser mais objetivo a respeito dos defeitos do país. Como um americano no Brasil, eu tenho “olhado para dentro” do pais que eu adotei por mais de quatro décadas. Eu amo seu povo, sua história e sua literatura, mas observo tudo isso com olhar reflexivo e crítico. Cada uma das três peças nesta coleção acontece em períodos históricos distintos: 1945, quando um novo Brasil se debatia para nascer das ruínas da ditadura; 1964, no colapso de um experimento audacioso em democracia; e 1985, quando os brasileiros outra vez se afastaram de um passado autoritário e violento. Júlio Coimbra, uma pessoa violenta, de 1945, é uma figura familiar para os brasileiros; Arno Ribamar Coimbra, o ambicioso de 1964, também é conhecido. Eles compartilham mais do que o mesmo sobrenome. Como deve ser, os jovens são catalisadores de mudanças: Maria Coimbra, que lutou pela honra de seu irmão em 1945; Rosa Linda, defensora do amor e tolerância em 1964. O desconhecido funcionário do Ministério da Justiça em 1985 nos lembra de um fio condutor de violência brutal, muitas vezes apoiado por uma autoridade hipócrita, comum no passado do Brasil. Os personagens podem parecer familiares; a abordagem, eu espero, é original. (Veja os links para saber mais sobre cada peça, incluindo a primeira cena.)
Photo credit: Igreja Matriz de Santo Antônio, Tiradentes, Minas Gerais (Murphy)
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